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07/02 Papa: O coração da Fiducia Supplicans é a acolhida, não se nega a bênção a ninguém
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Em uma entrevista à revista italiana Credere, que será publicada amanhã, 08/02, Francisco volta a abordar a questão das bênçãos a casais homossexuais: “Ninguém se escandaliza se eu abençoo um empresário que explora as pessoas, enquanto se escandaliza se eu abençoo um homossexual”. Do Pontífice, um novo incentivo para uma maior presença feminina na Igreja: “A ministerialidade não é a coisa mais importante. Haverá novas nomeações de mulheres na Cúria, elas trabalham melhor do que os homens”.

Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano

“Todos, todos, todos”. O Papa disse isso em Lisboa e repetiu em várias outras ocasiões para reafirmar o princípio de acolhimento que fundamenta a missão pastoral da Igreja e enquadrar também as bênçãos a casais “irregulares”, incluindo os homossexuais, conforme proposto pelo documento doutrinal Fiducia Supplicans. Também na revista Credere, publicada pelo Grupo San Paolo à qual concedeu uma entrevista que será publicada no dia 8 de fevereiro, Francisco volta à questão das bênçãos – que geraram diversas reações e polêmicas – e repete o que já havia mencionado durante uma audiência ao Dicastério para a Doutrina da Fé que elaborou a declaração: “Eu não abençoo um ‘casamento homossexual’, abençoo duas pessoas que se amam e também peço que rezem por mim”, explica o Pontífice na conversa com o diretor, padre Vincenzo Vitale. “Sempre nas confissões, quando essas situações surgem, pessoas homossexuais, pessoas divorciadas, eu sempre rezo e abençoo. A bênção não deve ser negada a ninguém. Todos, todos, todos. Atenção, estou falando de pessoas: de quem é capaz de receber o Batismo”.

“Os pecados mais graves – acrescenta o Papa – são aqueles que se disfarçam com uma aparência mais ‘angelical’. Ninguém se escandaliza se eu abençoo um empresário que talvez explore as pessoas: e isso é um pecado muito grave. Enquanto se escandaliza se eu abençoo um homossexual… Isso é hipocrisia! Devemos respeitar a todos. Todos! O cerne do documento é a acolhida”.

Os Movimentos eclesiais são bons quando estão inseridos na Igreja

Na entrevista à revista semanal, que celebra os dez anos de sua fundação, justamente por ocasião da eleição de Jorge Mario Bergoglio em 2013, o Papa relembra os anos de seu pontificado entre confidências pessoais, como seus diálogos com os idosos ou as memórias de Buenos Aires, e temas da atualidade, incluindo o Jubileu, um “evento de graça” no qual é necessário “redescobrir o valor e a necessidade da oração”.

Francisco também fala sobre os movimentos eclesiais e o envolvimento dos jovens em experiências pastorais, como aquelas em países do Terceiro Mundo ou latino-americanos, onde as pessoas são abordadas com uma linguagem “simples”. “Há também realidades ‘sofisticadas’, que não alcançam, são movimentos um pouco ‘exóticos’”, diz Francisco, ou seja, “refinados”. Esses grupos, afirma, “tendem a formar uma ‘igrejinha’, de pessoas que se sentem superiores. Isso não é o santo povo fiel de Deus. O povo de Deus é composto por fiéis que sabem que são pecadores e seguem em frente. Não tenho nada contra os movimentos, que fazem muito bem”. “O movimento – explica o Pontífice – é bom quando te insere na Igreja real, mas se são seletivos, se te separam da Igreja, se te levam a pensar que você é um cristão especial, isso não é cristão”.

O importante é a presença das mulheres, não a ministerialidade

A resposta do Papa sobre o papel das mulheres é clara, à luz dos contínuos apelos para devolver um “rosto feminino” à Igreja ou, o mais recente, para “desmasculinizar” a Igreja. Francisco reitera a diferença entre o princípio petrino e o princípio mariano: “A Igreja é mulher, é esposa. Pedro não é mulher, não é esposa. É mais importante a Igreja-esposa do que Pedro-ministro!”. O Santo Padre então acrescenta que “abrir o trabalho na Cúria às mulheres é importante”, destacando como as mulheres “auxiliam no ministério”. Basta olhar para as pequenas cidades onde não há padre e as freiras conduzem paróquias, batizam, dão a Comunhão, realizam funerais. “Não é a ministerialidade da mulher o mais importante, mas a presença das mulheres é fundamental”, conclui o Papa.

Novas futuras nomeações na Cúria Romana

E olhando para a Cúria Romana, onde ao longo dos anos várias nomeações femininas têm ocorrido, ele afirma: “Agora há várias mulheres e haverá mais, porque elas se saem melhor do que nós homens em certos cargos”. Papa Francisco cita a secretária do Governatorato, irmã Raffaella Petrini, “as mulheres presentes no Dicastério para eleger os bispos” (a própria Petrini, além de Ir. Yvonne Reungoat, ex-superiora geral das salesianas, e Maria Lía Zervino, presidente da Umofc), irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, entre outras: “São todos cargos que precisam de mulheres”.

Por fim, quando questionado se tem consciência de que iniciou “uma mudança histórica” a partir desse ponto de vista, o Papa respondeu: ” Na verdade, não! No entanto me dizem isso …. Eu vou em frente como posso”.

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