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16/10 EXORTAÇÃO APOSTÓLICA C’EST LA CONFIANCE DO SANTO PADRE FRANCISCO
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EXORTAÇÃO APOSTÓLICA
C’EST LA CONFIANCE
DO SANTO PADRE
FRANCISCO
SOBRE A CONFIANÇA
NO AMOR MISERICORDIOSO DE DEUS
POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO
DO NASCIMENTO DE
SANTA TERESA DO MENINO JESUS E DA SANTA FACE

1. « C’EST LA CONFIANCE et rien que la confiance qui doit nous conduire à l’Amour – só a confiança e nada mais do que a confiança tem de conduzir-nos ao Amor». [1]

2. Estas palavras tão incisivas de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face dizem tudo, sintetizam a genialidade da sua espiritualidade e seriam suficientes para justificar o facto de ter sido declarada Doutora da Igreja. Só a confiança e «nada mais»… Não há outra via que devamos percorrer para ser conduzidos ao Amor que tudo dá. Com a confiança, a fonte da graça transborda na nossa vida, o Evangelho faz-se carne em nós e transforma-nos em canais de misericórdia para os irmãos.

3. É a confiança que nos sustenta cada dia e nos manterá de pé diante do olhar do Senhor, quando nos chamar para junto de Si: «Na noite desta vida, aparecerei diante de Vós com as mãos vazias, pois não Vos peço, Senhor, que conteis as minhas obras. Todas as nossas justiças têm manchas aos vossos olhos. Quero, portanto, revestir-me com a vossa própria Justiça, e receber do vosso Amor a posse eterna de Vós mesmo». [2]

4. Teresinha é uma das santas mais conhecidas e amadas em todo o mundo. Como sucede com São Francisco de Assis, é amada até por não-cristãos e não-crentes. Foi também reconhecida pela UNESCO entre as figuras mais significativas para a humanidade contemporânea. [3] Far-nos-á bem aprofundar a sua mensagem, ao comemorarmos o 150º aniversário do seu nascimento que teve lugar em Alençon a 2 de janeiro de 1873 e o centenário da sua beatificação. [4] Mas não quis publicar esta Exortação em nenhuma dessas datas, nem no dia da sua Memória, para que a mensagem se situe além das ocorrências e seja assumida como parte do tesouro espiritual da Igreja. A data da presente publicação, Memória de Santa Teresa de Ávila, quer apresentar Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face como fruto maduro da reforma do Carmelo e da espiritualidade da grande Santa espanhola.

5. A sua vida terrena foi breve (apenas vinte e quatro anos) e simples como qualquer outra, passada primeiro em família e depois no Carmelo de Lisieux. A extraordinária carga de luz e amor, que irradiava da sua pessoa, manifestou-se logo depois da sua morte, com a publicação dos seus escritos e as graças inumeráveis obtidas pelos fiéis que a invocavam.

6. A Igreja reconheceu, rapidamente, o valor extraordinário do seu testemunho e a originalidade da sua espiritualidade evangélica. Teresa encontrou o Papa Leão XIII, por ocasião da peregrinação a Roma em 1887, e pediu-lhe autorização para entrar no Carmelo com a idade de quinze anos. Pouco depois da sua morte, São Pio X apercebeu-se da sua enorme estatura espiritual, a ponto de afirmar que se tornaria a maior Santa dos tempos modernos. Declarada venerável em 1921 por Bento XV, que elogiou as suas virtudes focalizando-as no «caminhito» da infância espiritual, [5] foi beatificada há cem anos e, depois, canonizada em 17 de maio de 1925 por Pio XI, que agradeceu ao Senhor ter-lhe permitido que Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face fosse «a primeira beata que elevou às honras dos altares e a primeira santa canonizada por ele» [6]. Em 1927, o mesmo Papa declarou-a padroeira das missões. [7] Foi proclamada uma das padroeiras da França, em 1944, pelo venerável Pio XII, [8] que em diversas ocasiões aprofundou o tema da infância espiritual. [9] São Paulo VI gostava de recordar que recebera o Batismo em 30 de setembro de 1897, dia da morte de Santa Teresinha, escrevendo no centenário de seu nascimento uma carta sobre a sua doutrina, que dirigiu ao Bispo de Bayeux e Lisieux. [10] Durante a sua primeira viagem apostólica à França, no mês de junho de 1980, São João Paulo II visitou a Basílica a ela dedicada e, em 1997, declarou-a Doutora da Igreja, [11] contemplando-a depois em tal catálogo «como perita da scientia amoris». [12] Bento XVI retomou o tema da sua « ciência do amor», propondo-a como «uma guia para todos, sobretudo para aqueles que, no Povo de Deus, desempenham o ministério de teólogos». [13] Por fim, em 2015, tive eu a alegria de canonizar os seus pais Luís e Célia durante o Sínodo da família e, recentemente, dediquei-lhe uma Catequese na série sobre o zelo apostólico. [14]

1. Levar Jesus aos outros

7. No nome que escolheu como religiosa, põe-se em evidência Jesus: o «Menino» que manifesta o mistério da Encarnação, e a «Santa Face», isto é, o rosto de Cristo que Se dá até ao fim na Cruz. O seu nome é «Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face».

8. O Nome de Jesus cadenciou continuamente a «respiração» de Teresa como ato de amor, até ao último respiro. Na sua cela, gravara estas palavras: «Jesus é o meu único amor». Foi a sua interpretação da afirmação culminante do Novo Testamento: «Deus é amor» (1 Jo 4, 8.16).

Alma missionária

9. Como sucede em todo o encontro autêntico com Cristo, esta experiência de fé chamava-a para a missão. Teresa pôde definir a sua missão com as seguintes palavras. «Eu desejarei no Céu o mesmo que na terra: amar Jesus e fazê-Lo amar». [15] Escreveu que entrara no Carmelo «para salvar as almas». [16] Por outras palavras, não concebia a sua consagração a Deus sem a busca do bem dos irmãos. Partilhava o amor misericordioso do Pai pelo filho pecador e o do Bom Pastor pelas ovelhas perdidas, distantes, feridas. Por isso, é padroeira das missões, mestra de evangelização.

10. As últimas páginas da História de uma alma [17] são um testamento missionário, exprimem a sua maneira de entender a evangelização por atração, [18] e não por pressão ou proselitismo. Vale a pena ler como ela própria a sintetiza: «“ Atraí-me, correremos ao odor dos vossos perfumes”. Ó Jesus, nem sequer é necessário dizer: “Atraindo-me, atraí as almas que amo!” Esta simples palavra: “Atraí-me”, basta. Senhor, eu compreendo. Quando uma alma se deixou cativar pelo odor inebriante dos vossos perfumes, não seria capaz de correr sozinha: todas as almas que ama são arrastadas atrás dela. Isto faz-se sem constrangimento, sem esforço; é uma consequência natural da sua atração para Vós. Assim como uma torrente, lançando-se impetuosamente no oceano, arrasta consigo tudo o que encontrou no seu percurso, do mesmo modo, ó meu Jesus, a alma que mergulha no oceano sem limites do vosso amor, leva com ela todos os tesouros que possui… Senhor, bem o sabeis, não tenho mais nenhum tesouro a não ser as almas que Vos aprouve unir à minha». [19]

11. Aqui cita as palavras que a esposa dirige ao esposo no Cântico dos Cânticos (1, 3-4), seguindo a interpretação aprofundada pelos dois doutores do Carmelo, Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz. O Esposo é Jesus, o Filho de Deus que Se uniu à nossa humanidade na Encarnação e a redimiu na Cruz. Lá, do seu lado aberto, deu à luz a Igreja, sua Esposa amada, pela qual ofereceu a vida (cf. Ef 5, 25). O que impressiona é ver como Teresinha, ciente de estar próxima da morte, não vive este mistério fechada em si mesma, procurando apenas um sentido consolador, mas vive-o com um ardente espírito apostólico.

A graça que nos liberta da autorreferencialidade

12. Sucede algo semelhante quando se refere à ação do Espírito Santo, que adquire imediatamente um sentido missionário: «Eis a minha oração. Peço a Jesus que me atraia para as chamas do seu amor, que me una tão estreitamente a Ele, que viva e atue em mim. Estou certa de que quanto mais o fogo do amor abrasar o meu coração, tanto mais eu direi: “Atraí-me”; e mais as almas que se aproximarem de mim (pobre pedacito de ferro inútil, se me afastasse do braseiro divino), correrão, ligeiras, ao odor dos perfumes do seu Bem-amado, pois uma alma abrasada de amor não pode ficar inativa». [20]

13. No coração de Teresinha, a graça do Batismo tornou-se uma torrente impetuosa que desagua no oceano do amor de Cristo, arrastando consigo uma multidão de irmãs e irmãos, o que se verificou especialmente depois da sua morte. Foi a sua prometida «chuva de rosas». [21]

2. O caminhito da confiança e do amor

14. Uma das descobertas mais importantes de Teresinha, para bem de todo o Povo de Deus, é o seu «caminhito», o caminho da confiança e do amor, conhecido também como o caminho da infância espiritual. Todos o podem seguir, em qualquer estado de vida, nos mais diversos momentos da existência. É o caminho que o Pai celeste revela aos pequeninos (cf. Mt 11, 25).

15. Teresinha conta a descoberta do caminhito na História de uma alma: [22] «Posso, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade. Fazer-me crescer a mim mesma é impossível; tenho de suportar-me tal como sou, com todas as minhas imperfeições. Mas quero procurar a maneira de ir para o Céu por um caminhito muito direito, muito curto; um caminhito completamente novo». [23]

16. Para o descrever, recorre à imagem do elevador: «O ascensor que me há de elevar até ao Céu são os vossos braços, ó Jesus! Para isso não tenho necessidade de crescer; pelo contrário, é preciso que eu permaneça pequena, e que me torne cada vez mais pequena». [24] Vê-se pequena, incapaz de fiar-se em si própria, embora firmemente certa da força amorosa dos braços do Senhor.

17. É o «doce caminho do amor», [25] aberto por Jesus aos pequeninos e aos pobres, a todos. É o caminho da verdadeira alegria. Diversamente da ideia pelagiana de santidade, [26] individualista e elitista, mais ascética do que mística, que põe o acento principalmente no esforço humano, Teresinha realça sempre o primado da ação de Deus, da sua graça. Assim chega a dizer: «Sinto sempre a mesma confiança audaciosa de me tornar uma grande Santa, pois não conto com os meus méritos, não tenho nenhum, mas espero n’Aquele que é a Virtude, a própria Santidade. Só Ele, contentando-Se com os meus fracos esforços, me elevará até Ele e, cobrindo-me dos seus méritos infinitos, me fará Santa». [27]

Para além de qualquer mérito

18. Este modo de pensar não contrasta com a doutrina católica tradicional sobre o crescimento da graça, isto é, que, uma vez justificados gratuitamente pela graça santificante, ficamos transformados e capacitados para cooperar, com as nossas boas obras, num caminho de crescimento na santidade. E assim somos elevados de modo a poder obter méritos reais para o desenvolvimento da graça recebida.

19. Teresinha, porém, prefere sublinhar o primado da ação divina e convidar à plena confiança, tendo diante dos olhos o amor de Cristo que Se nos deu até ao fim. No fundo, é este o seu ensinamento: como não podemos ter qualquer certeza olhando para nós mesmos, [28] é impossível estar seguros de possuir méritos próprios. Por conseguinte, não é possível confiar nestes esforços ou realizações. O Catecismo quis citar estas palavras de Santa Teresinha dirigidas ao Senhor: «Aparecerei diante de Vós com as mãos vazias», [29] para exprimir que «os santos tiveram sempre uma consciência viva de que os seus méritos eram pura graça». [30] Esta convicção suscita uma jubilosa e terna gratidão.

20. Por isso, a atitude mais adequada é depositar a confiança do coração fora de nós mesmos, ou seja, na infinita misericórdia de um Deus que ama sem limites e que deu tudo na Cruz de Jesus. [31] Daí que Teresa nunca usa a expressão, frequente no seu tempo, «hei de fazer-me santa».

21. Todavia a sua confiança sem limites encoraja aqueles que se sentem frágeis, limitados, pecadores a deixarem-se conduzir e transformar para chegar ao alto: «Ah! se todas as almas débeis e imperfeitas sentissem o que sente a mais pequena de todas as almas – a alma da vossa Teresinha – nem uma única perderia a esperança de chegar à Montanha do Amor, uma vez que Jesus não pede grandes ações, mas apenas o abandono e a gratidão». [32]

22. E esta mesma insistência de Teresinha na iniciativa divina faz com que, ao falar da Eucaristia, não coloque em primeiro lugar o seu desejo de receber Jesus na Sagrada Comunhão, mas o desejo de Jesus que quer unir-Se a nós e habitar nos nossos corações. [33] No Oferecimento ao Amor Misericordioso, sofrendo por não poder comungar todos os dias, diz a Jesus: «Ficai em mim, como no Sacrário». [34] O centro e o objeto do seu olhar não é ela própria com as suas necessidades, mas Cristo que ama, que procura, que deseja, que mora na alma.

O abandono quotidiano

23. A confiança que Teresinha fomenta não deve ser entendida apenas em referimento à própria santificação e salvação. Mas possui um sentido integral, que abraça o conjunto da existência concreta e aplica-se a toda a nossa vida, onde muitas vezes nos dominam os medos, o desejo de seguranças humanas, a necessidade de ter tudo sob controle. É aqui que aparece o convite ao santo «abandono».

24. A confiança plena, que se torna abandono ao Amor, liberta-nos de cálculos obsessivos, da preocupação constante com o futuro, dos medos que tiram a paz. Nos últimos dias da sua vida, Teresinha insistia nisto: «Creio que nós, que corremos pelo caminho do Amor, não devemos pensar no que nos pode acontecer de doloroso no futuro, porque é faltar à confiança». [35] A verdade é que, se estamos nas mãos dum Pai que nos ama sem limites, venha o que vier havemos de o ultrapassar e, duma forma ou doutra, cumprir-se-á na nossa vida o seu projeto de amor e de plenitude.

Um fogo no meio da noite

25. Teresinha experimentava a fé mais forte e segura no meio da escuridão da noite e até na escuridão do Calvário. O seu testemunho atingiu o ponto culminante no último período da vida, na grande «provação contra a fé», [36] que começou na Páscoa de 1896. Na sua narração, [37] coloca esta provação em relação direta com a dolorosa realidade do ateísmo do seu tempo. De facto, viveu no final do século XIX, isto é, na «idade de ouro» do ateísmo moderno como sistema filosófico e ideológico. Quando escrevia que Jesus permitira que a sua alma «fosse invadida pelas mais espessas trevas», [38] pensava na obscuridade do ateísmo e na rejeição da fé cristã. Em união com Jesus, que acolheu em Si toda a obscuridade do pecado do mundo quando aceitou beber o cálice da Paixão, Teresinha prova, naquela escuridão tenebrosa, o desespero, o vazio do nada. [39]

26. Mas a obscuridade não pode extinguir a luz: a obscuridade foi vencida por Aquele que, como Luz, veio ao mundo (cf. Jo 12, 46). [40] A narração de Teresinha manifesta o caráter heroico da sua fé, a sua vitória no combate espiritual contra as mais fortes tentações. Sente-se irmã dos ateus e sentada, como Jesus, à mesa com os pecadores (cf. Mt 9, 10-13). Intercede por eles, ao mesmo tempo que renova continuamente o seu ato de fé, sempre em comunhão amorosa com o Senhor: «Corro para o meu Jesus, e digo-Lhe que estou pronta a derramar o sangue até à última gota para confessar que o Céu existe. Digo-Lhe que estou contente por não gozar esse belo Céu sobre a terra, para que Ele o abra por toda a eternidade aos pobres incrédulos». [41]

27. Juntamente com a fé, Teresa vive intensamente uma confiança ilimitada na misericórdia infinita de Deus, «a confiança [que] tem de conduzir-nos ao Amor». [42] Vive, mesmo na escuridão, a confiança total da criança que se abandona sem medo nos braços do pai e da mãe. De facto, para Teresinha, Deus resplandece antes de mais nada através da sua misericórdia, chave de compreensão para qualquer outra coisa que se diga d’Ele: «A mim deu-me a sua Misericórdia infinita, e é através dela que contemplo e adoro as demais perfeições divinas. Assim, todas se me apresentam resplandecentes de amor. A própria Justiça (e talvez mais ainda que qualquer outra) me parece revestida de amor». [43] Esta é uma das descobertas mais importantes de Teresinha, um dos maiores contributos que prestou a todo o Povo de Deus. De modo extraordinário, penetrou nas profundezas da misericórdia divina e, de lá, retirou a luz da sua ilimitada esperança.

Uma esperança firmíssima

28. Antes da sua entrada no Carmelo, Teresinha experimentara singular proximidade espiritual a uma das pessoas mais desventuradas: o criminoso e impenitente Henrique Pranzini, condenado à morte por triplo homicídio. [44] Oferecendo a Missa por ele e rezando com toda a confiança pela sua salvação, tem a certeza de o pôr em contacto com o Sangue de Jesus e diz a Deus estar certíssima de que, no último momento, Ele o perdoaria, acreditando nisso «mesmo que ele não se confessasse e não mostrasse nenhum sinal de arrependimento». E dá a razão de ser da sua certeza: «tanta confiança eu tinha na misericórdia infinita de Jesus!» [45] Grande comoção se apodera dela, depois, ao descobrir que Pranzini, tendo já subido ao cadafalso, «levado por uma súbita inspiração, volta-se, agarra o Crucifixo, que o sacerdote lhe apresentava, e beija por três vezes as suas sagradas chagas[46] Esta experiência intensa a ponto de esperar contra toda a esperança foi fundamental para ela: «Ah! a partir desta graça única, o meu desejo de salvar as almas cresceu de dia para dia». [47]

29. Teresa está ciente do drama do pecado, embora a vejamos sempre mergulhada no mistério de Cristo, com a certeza de que, «onde aumentou o pecado, superabundou a graça» ( Rm 5, 20). O pecado do mundo é imenso, mas não é infinito. Ao contrário, o amor misericordioso do Redentor… esse, sim, é infinito. Teresinha é testemunha da vitória definitiva de Jesus sobre todas as forças do mal, através da sua paixão, morte e ressurreição. Movida pela confiança, ousa dizer: «Jesus, faz-me salvar muitas almas, que hoje não haja uma só condenada (…). Jesus, perdoa-me se eu digo coisas que não se devem dizer, só quero alegrar-Te e consolar-Te». [48] Isto permite-nos passar a outro aspeto da aragem fresca que brota da mensagem de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face.

3. Serei o amor

30. «Maior» do que a fé e a esperança, a caridade nunca acabará (cf. 1 Cor 13, 8-13). É o maior dom do Espírito Santo, sendo «mãe e raiz de todas as virtudes». [49]

A caridade como atitude pessoal de amor

31. A História de uma alma é um testemunho de caridade, no qual Teresa nos oferece um comentário sobre o mandamento novo de Jesus: «Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei» ( Jo 15, 12). [50] Jesus tem sede desta resposta ao seu amor. De facto, «não receou mendigar um pouco de água à Samaritana. Tinha sede… Mas ao dizer: “Dá-me de beber”, era o amor da sua pobre criatura que o Criador do universo reclamava. Tinha sede de amor». [51] Teresinha quer corresponder ao amor de Jesus, pagar-Lhe amor com amor. [52]

32. A simbologia do amor esponsal expressa a reciprocidade do dom de si entre o noivo e a noiva. Assim, inspirada pelo Cântico dos Cânticos (2, 16), escreve: «Penso que o coração do meu Esposo é só meu como o meu é só d’Ele e então falo-Lhe na solidão desta deliciosa intimidade, esperando contemplá-Lo um dia face a face». [53] Embora o Senhor nos ame em conjunto como povo, ao mesmo tempo a caridade atua, de modo muito pessoal, «de coração a coração».

33. Teresinha tem a viva certeza de que Jesus a amou e conheceu pessoalmente na sua Paixão: «Amou-me e a Si mesmo Se entregou por mim» ( Gl 2, 20). Contemplando Jesus em agonia, diz-Lhe ela: «Tu viste-me», [54] como diz ao Menino Jesus nos braços de sua Mãe: «Com a tua mãozinha, que acariciava Maria, sustinhas o mundo e davas-lhe vida. E pensavas em mim». [55] Assim, também no início da História de uma Alma, contempla o amor de Jesus por todos e por cada um como se fosse único no mundo. [56]

34. O ato de amor «Jesus, amo-Te», vivido continuamente por Teresa ao ritmo da respiração, é a sua chave de leitura do Evangelho. Com este amor, mergulha em todos os mistérios da vida de Cristo, dos quais se faz contemporânea, habitando o Evangelho juntamente com Maria e José, Maria de Magdala e os Apóstolos. Juntamente com eles, penetra nas profundezas do amor do Coração de Jesus. Vejamos um exemplo: «Quando vejo Madalena avançar na presença de numerosos convidados, banhar com as suas lágrimas os pés do Mestre adorado que toca pela primeira vez, sinto que o coração dela compreendeu os abismos de amor e de misericórdia do Coração de Jesus e que, por muito pecadora que ela seja, este Coração de amor está não só disposto a perdoar-lhe, mas ainda a prodigalizar-lhe os benefícios da sua intimidade divina, e elevá-la até aos mais altos cumes da contemplação». [57]

O maior amor na maior simplicidade

35. No final da História de uma Alma, Teresa deixa-nos o seu Oferecimento como Vítima de Holocausto ao Amor Misericordioso de Deus. [58] Quando se entregou plenamente à ação do Espírito, recebeu, sem clamor nem sinais vistosos, a superabundância da água viva: «as ondas, ou antes, os oceanos de graças que vieram inundar-me a alma». [59] Trata-se da vida mística que, mesmo privada de fenómenos extraordinários, é proposta a todos os fiéis como experiência quotidiana de amor.

36. Teresa vive a caridade na pequenez, nas coisas mais simples da existência de cada dia, e fá-lo em companhia da Virgem Maria, aprendendo d’Ela que «amar é tudo dar, e dar-se a si mesmo». [60] Com efeito, enquanto os pregadores do seu tempo falavam com frequência da grandeza de Maria de forma triunfalista, como se estivesse afastada de nós, Teresinha mostra, a partir do Evangelho, que Maria é a maior do Reino dos Céus porque é a mais pequena (cf. Mt 18, 4), a mais próxima de Jesus na sua humilhação. Observa que, se as narrações apócrifas estão cheias de factos atraentes e maravilhosos, os Evangelhos mostram-nos uma vida humilde e pobre, passada na simplicidade da fé. O próprio Jesus quer que Maria seja o exemplo da alma que O procura com uma fé árida. [61] Maria foi a primeira a viver o «caminhito» na fé pura e na humildade; por isso, Teresa não hesita em escrever:

«Sei que em Nazaré, Mãe cheia de graça
Viveste pobremente, não querendo nada mais
Nem arroubamentos, nem milagres, nem êxtases
Embelezaram a tua vida, ó Rainha dos Eleitos!…
O número dos pequenos é bem grande na terra
Eles podem sem receio erguer os olhos para ti
É pela via comum, incomparável Mãe
Que te apraz caminhar guiando-os para o Céu». [62]

37. Teresinha também nos deixou narrações que testemunham alguns momentos de graça vividos no meio da simplicidade de cada dia, como a sua inspiração repentina enquanto acompanhava uma irmã doente com um temperamento difícil. Mas trata-se sempre duma caridade mais intensa vivida nas situações mais ordinárias: «Uma noite de inverno, cumpria, como de costume, o meu pequeno ofício. Estava frio, era noite… De repente, ouvi ao longe o som harmonioso de um instrumento musical. Então imaginei um salão bem iluminado, todo resplandecente de dourados, de donzelas elegantemente vestidas, dirigindo-se mutuamente cumprimentos e cortesias mundanas. A seguir, o meu olhar pousou na pobre doente que amparava; em vez de uma melodia, ouvia, de vez em quando, os seus gemidos queixosos; em vez de dourados, via os tijolos do nosso claustro austero, mal iluminado por uma luz muito frouxa. Não consigo exprimir o que se passou na minha alma; o que sei é que o Senhor a iluminou com os reflexos da verdade, que ultrapassavam de tal maneira o brilho tenebroso das festas da terra, que não podia acreditar na minha felicidade… Ah! para gozar mil anos de festas mundanas, não teria dado os dez minutos gastos no cumprimento do meu humilde ofício de caridade». [63]

No coração da Igreja

38. Teresinha herdou de Santa Teresa de Ávila um grande amor pela Igreja, chegando a atingir as profundezas deste mistério. Vemo-lo na sua descoberta do «coração da Igreja». Numa longa oração a Jesus, [64] escrita a 8 de setembro de 1896, no sexto aniversário da sua profissão religiosa, a Santa confia ao Senhor que se sentia animada por um desejo imenso, por uma paixão pelo Evangelho que nenhuma vocação, por si só, podia satisfazer. E assim, procurando o seu «lugar» na Igreja, lera uma vez e outra os capítulos 12 e 13 da I Carta de São Paulo aos Coríntios.

39. No capítulo 12, o Apóstolo utiliza a metáfora do corpo e dos seus membros para explicar que a Igreja engloba uma grande variedade de carismas dispostos numa ordem hierárquica. Mas esta descrição não é suficiente para Teresinha; continua a sua busca. Lê o «hino da caridade» no capítulo 13, encontra lá a grande resposta e escreve esta página memorável: «Considerando o corpo místico da Igreja, não me tinha reconhecido em nenhum dos membros descritos por São Paulo; ou melhor, queria reconhecer-me em todos… A caridade deu-me a chave da minha vocação. Compreendi que se a Igreja tinha um corpo composto de diversos membros, o mais necessário, o mais nobre de todos não lhe faltava: compreendi que a Igreja tinha um coração, e que esse coração estava ardendo de amor. Compreendi que só o Amor fazia agir os membros da Igreja; que se o Amor se apagasse, os apóstolos já não anunciariam o Evangelho, os mártires recusar-se-iam a derramar o seu sangue… Compreendi que o Amor encerra todas as Vocações, que o Amor é tudo, que abarca todos os tempos e todos os lugares… numa palavra, que é Eterno! Então, num transporte de alegria delirante, exclamei: “Ó Jesus, meu Amor, encontrei finalmente a minha vocação; a minha vocação é o Amor!” Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, e esse lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes. No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor. Assim serei tudo…, assim o meu sonho será realizado!» [65]

40. Não é o coração duma Igreja triunfalista, mas o coração duma Igreja amante, humilde e misericordiosa. Teresa nunca se coloca acima dos outros, mas no último lugar com o Filho de Deus, que por nós Se tornou servo e humilhou, fazendo-Se obediente até à morte numa cruz (cf. Flp 2, 7-8).

41. Tal descoberta do coração da Igreja é uma grande luz também para nós hoje, a fim de não nos escandalizarmos por causa das limitações e fraquezas da instituição eclesiástica, marcada por obscuridades e pecados, e entrarmos no seu coração ardente de amor, que se incendiou no Pentecostes graças ao dom do Espírito Santo. É o coração cujo fogo se reaviva ainda com cada um dos nossos atos de caridade. «Eu serei o amor»: esta é a opção radical de Teresinha, a sua síntese definitiva, a sua identidade espiritual mais pessoal.

Chuva de rosas

42. Depois de muitos séculos em que inúmeros Santos expressaram, com grande fervor e beleza, o seu desejo de «ir para o Céu», Santa Teresinha reconhece com grande sinceridade: «Tinha então grandes provações interiores de todas as espécies (até me interrogar, por vezes, se haveria Céu)». [66] Noutra ocasião, disse: «Quando canto a felicidade do Céu, a posse eterna de Deus, não sinto nenhuma alegria, porque canto simplesmente o que quero acreditar». [67]Mas que sucedeu? Que ela estava a ouvir mais o apelo de Deus a colocar fogo no coração da Igreja do que sonhava com a sua própria felicidade.

43. A transformação operada nela permitiu-lhe passar de um fervoroso desejo do Céu para um constante e ardente desejo do bem de todos, culminando no sonho de continuar no Céu a sua missão de amar Jesus e de O fazer amar. Nesta linha, escreveu numa das últimas cartas: «Conto não ficar inativa no Céu, o meu desejo é continuar a trabalhar pela Igreja e pelas almas». [68] E então afirmava sem rodeios: «O meu Céu passar-se-á sobre a terra até ao fim do mundo. Sim, quero passar o meu Céu a fazer o bem sobre a terra». [69]

44. Assim, Teresinha exprimia a sua resposta mais convicta ao dom único que o Senhor lhe estava a oferecer, à luz surpreendente que Deus derramava nela. Desta forma chegava à última síntese pessoal do Evangelho, que partia da plena confiança para culminar no dom total aos outros. Não duvidava da fecundidade desta entrega: «Penso em todo o bem que quereria fazer depois da minha morte»; [70] «Deus não me daria este desejo de fazer o bem sobre a terra depois da minha morte, se não quisesse realizá-lo». [71] «Será como uma chuva de rosas». [72]

45. Fecha-se o círculo. « C’est la confiance». É a confiança que nos conduz ao Amor e assim nos liberta do temor; é a confiança que nos ajuda a desviar o olhar de nós mesmos; é a confiança que nos permite colocar nas mãos de Deus aquilo que só Ele pode fazer. Isto deixa-nos uma imensa torrente de amor e de energias disponíveis para procurar o bem dos irmãos. E assim, no meio do sofrimento dos seus últimos dias, Teresa podia dizer: « Conto somente com o amor». [73] Em última análise, conta só o amor. A confiança faz desabrochar as rosas e espalha-as como um transbordar da superabundância do amor divino. Peçamo-la como dom gratuito, como valiosa prenda da graça, para que se abram na nossa vida os caminhos do Evangelho.

4. No coração do Evangelho

46. Na Evangelii gaudium, insisti sobre o convite a regressar ao frescor da fonte, para dar relevo ao que é essencial e indispensável. Considero oportuno retomar e propor novamente aquele convite.

A Doutora da síntese

47. Esta Exortação sobre Santa Teresinha permite-me recordar que, numa Igreja missionária, «o anúncio concentra-se no essencial, no que é mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário. A proposta acaba simplificada, sem com isso perder profundidade e verdade, e assim se torna mais convincente e radiosa». [74] O núcleo luminoso é « a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado». [75]

48. Nem tudo é igualmente central, porque há uma ordem ou hierarquia entre as verdades da Igreja, e «isto é válido tanto para os dogmas da fé como para o conjunto dos ensinamentos da Igreja, incluindo a doutrina moral». [76] O centro da moral cristã é a caridade, que é a resposta ao amor incondicional da Trindade, de modo que «as obras de amor ao próximo são a manifestação externa mais perfeita da graça interior do Espírito». [77] Em última análise, conta só o amor.

49. Precisamente, o contributo específico que Teresinha nos oferece como Santa e como Doutora da Igreja não é analítico, como poderia ser, por exemplo, o de São Tomás de Aquino. O seu contributo é sobretudo sintético, porque a sua genialidade consiste em levar-nos ao centro, àquilo que é essencial, àquilo que é indispensável. Com as suas palavras e com o seu percurso pessoal, mostra que, embora todos os ensinamentos e normas da Igreja tenham a sua importância, o seu valor, a sua luz, alguns são mais urgentes e mais constitutivos para a vida cristã. Foi nestes que Teresa fixou o olhar e o coração.

50. Como teólogos, moralistas, estudiosos de espiritualidade, como pastores e como crentes, cada qual no respetivo âmbito, temos ainda necessidade de acolher esta intuição genial de Teresinha e tirar as devidas consequências teóricas e práticas, doutrinais e pastorais, pessoais e comunitárias. São precisas audácia e liberdade interior para o poder fazer.

51. Às vezes, de Teresa, citam-se apenas expressões que são secundárias ou mencionam-se coisas que ela pode ter em comum com qualquer outro Santo: a oração, o sacrifício, a piedade eucarística e muitos outros belos testemunhos, mas assim poderíamos privar-nos daquilo que é mais específico do seu dom à Igreja, esquecendo que «cada santo é uma missão; é um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento determinado da história, um aspeto do Evangelho». [78] Por isso, «para identificar qual seja essa palavra que o Senhor quer dizer através dum santo, não convém deter-se nos detalhes, porque nisso também pode haver erros e quedas. Nem tudo o que um santo diz é plenamente fiel ao Evangelho, nem tudo o que faz é autêntico ou perfeito. O que devemos contemplar é o conjunto da sua vida, o seu caminho inteiro de santificação, aquela figura que reflete algo de Jesus Cristo e que sobressai quando se consegue compor o sentido da totalidade da sua pessoa». [79] E isto vale com maior força de razão para Santa Teresinha, senda ela uma «Doutora da síntese».

52. Do céu à terra, a atualidade de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face permanece em toda a sua «pequena grandeza».

Num tempo que nos convida a fechar-nos nos próprios interesses, Teresinha mostra a beleza de fazer da vida um dom.

Num período em que prevalecem as necessidades mais superficiais, ela é testemunha da radicalidade evangélica.

Numa época de individualismo, ela faz-nos descobrir o valor do amor que se torna intercessão.

Num momento em que o ser humano vive obcecado pela grandeza e por novas formas de poder, ela aponta a via da pequenez.

Num tempo em que se descartam tantos seres humanos, ela ensina-nos a beleza do cuidado, do ocupar-se do outro.

Num momento de complexidade, ela pode ajudar-nos a redescobrir a simplicidade, o primado absoluto do amor, da confiança e do abandono, superando uma lógica legalista e moralista que enche a vida cristã de obrigações e preceitos e congela a alegria do Evangelho.

Num tempo de entrincheiramento e reclusão, Teresinha convida-nos à saída missionária, conquistados pela atração de Jesus Cristo e do Evangelho.

53. Século e meio depois do seu nascimento, Teresa está mais viva do que nunca no meio da Igreja em caminho, no coração do Povo de Deus. Está a peregrinar connosco, fazendo o bem sobre a terra, como tanto desejou. O sinal mais belo da sua vitalidade espiritual são as inúmeras «rosas» que vai espalhando, isto é, as graças que Deus nos concede pela sua intercessão cheia de amor, para nos sustentar no percurso da vida.

Amada Santa Teresinha,
A Igreja precisa de fazer resplandecer
A cor, o perfume, a alegria do Evangelho.
Enviai-nos as vossas rosas!
Ajudai-nos a ter sempre confiança,
Como fizestes vós,
No grande amor que Deus tem por nós,
Para podermos imitar cada dia
O vosso caminhito de santidade.
Amen.

Dado em Roma, São João de Latrão, no dia 15 de outubro – Memória de Santa Teresa de Ávila – do ano 2023, décimo primeiro do meu Pontificado.

FRANCISCUS


[1] Carta 197, À Irmã Maria do Sagrado Coração (17/IX/1896), in Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, Obras Completas. Textos e últimas palavras, Edições Carmelo – Avessadas 1996, p. 569.

[2] Oração 6, Oferecimento de mim mesma como vítima de holocausto ao amor misericordioso de Deus (09/VI/1895): o. c., 1077.

[3] Para o biénio 2022-2023, a UNESCO inseriu Santa Teresa do Menino Jesus entre as personalidades a celebrar por ocasião do 150º aniversário do seu nascimento.

[4] A 29 de abril de 1923.

[5] Cf. Bento XV, Decreto sobre as Virtudes (14/VIII/1921): AAS 13 (1921), 449-452.

[6] Pio XI, Homilia na canonização (17/V/1925): AAS 17 (1925), 211.

[7] Cf. AAS 20 (1928), 147-148.

[8] Cf. AAS 36 (1944), 329-330.

[9] Cf. Pio XII, Carta a D. François-Marie Picaud, bispo de Bayeux e Lisieux (07/VIII/1947): Analecta OCD [em francês] 19 (1947), 168-171. Radiomensagem para a consagração da Basílica de Lisieux (11/VII/1954): AAS 46 (1954), 404-407.

[10] São Paulo VI, Carta a D. Jean-Marie-Clément Badré, Bispo de Bayeux e Lisieux, por ocasião do centenário do nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus (02/I/1973): AAS 65 (1973), 12-15.

[11] Cf. AAS 90 (1998), 409-413.930-944.

[12] São João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte (06/I/2001), 42: AAS 93 (2001), 296.

[13] Catequese (06/IV/2011): L’Osservatore Romano (ed. portuguesa de 09/IV/2011), 3.

[14] Catequese (07/VI/2023): L’Osservatore Romano (ed. portuguesa de 08/VI/2023), 3.

[15] Carta 220, Ao Padre M. Bellière (24/II/1897): o. c., 594.

[16] Manuscrito A, 69frt: o. c., 187.

[17] Cf. Manuscrito C, 33frt-37vº: o. c., 288-294.

[18] Cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium (24/XI/2013), 14; 264: AAS 105 (2013), 1025-1026.

[19] Manuscrito C, 34vº: o. c., 289.

[20] Manuscrito C, 36vº: o. c., 292.

[21] Últimos colóquios. Caderno Amarelo (09/VI/1897), 3: o. c., 1133.

[22] Cf. Manuscrito C, 2frt-3vº: o .c., 243-245.

[23] Manuscrito C, 2frt: o. c., 244.

[24] Manuscrito C, 3vº: o. c., 244-245.

[25] Manuscrito A, 84frt: o. c., 215.

[26] Cf. Francisco, Exort. ap. Gaudete et exsultate (19/III/2018), 47-62: AAS 110 (2018), 1124-1129.

[27] Manuscrito A, 32vº: o. c., 119.

[28] Assim o explica o Concílio de Trento: «Assim cada um, ao considerar-se a si mesmo, a própria fraqueza e as suas más disposições, tem motivos para tremer e temer pela sua graça» ( Decreto sobre a justificação, IX: DzS 1534). O Catecismo da Igreja Católica retoma isto, quando ensina que é impossível ter certeza olhando para si mesmo ou para as próprias ações (cf. nº 2005). A certeza da confiança não se encontra em mim mesmo, o próprio eu não dá fundamentos para tal certeza, que não se baseia na introspeção. De certa forma já o dizia São Paulo: «Nem eu me julgo a mim mesmo. De nada me acusa a consciência, mas nem por isso me dou por justificado; quem me julga é o Senhor» ( 1 Cor 4, 3-4). São Tomás de Aquino explica-o da seguinte forma: como a graça «não cura perfeitamente o homem» ( Summa theologiae, I-II, q. 109, art. 9, ad 1), «permanece uma certa sombra de ignorância no intelecto» ( Ibid., comentário).

[29] Oração 6, Oferecimento de mim mesma como vítima de holocausto ao amor misericordioso de Deus (09/VI/1895): o. c., 1077.

[30] Catecismo da Igreja Católica, 2011.

[31] Di-lo com clareza o Concílio de Trento: «Nenhum homem piedoso pode duvidar da misericórdia de Deus» ( Decreto sobre a justificação, IX: DzS 1534). «Todos devem depositar a mais firme confiança na ajuda de Deus» ( Ibid., XIII: DzS 1541).

[32] Manuscrito B, 1frt: o. c., 223.

[33] Cf. Manuscrito A, 48frt: o. c., 148; Carta 92, A Maria Guérin (30/V/1889): o. c., 405-407.

[34] Oração 6, Oferecimento de mim mesma como vítima de holocausto ao amor misericordioso de Deus (09/VI/1895): o. c., 1076.

[35] Últimos colóquios. Caderno Amarelo (23/VII/1897), 3: o. c., 1171.

[36] Manuscrito C, 31frt: o. c., 284.

[37] Cf. Manuscrito C, 5vº -7frt: o. c., 247-251.

[38] Manuscrito C, 5frt: o. c., 248.

[39] Cf. Manuscrito C, 6frt: o. c., 249-250.

[40] Cf. Francisco, Carta enc. Lumen fidei (29/VI/2013), 17: AAS 105 (2013), 564-565.

[41] Manuscrito C, 7vº: o. c., 250-251.

[42] Carta 197, À Irmã Maria do Sagrado Coração (17/IX/1896), o. c., 569.

[43] Manuscrito A, 83frt: o. c., 214.

[44] Cf. Manuscrito A, 45frt-46frt: o. c., 143-144.

[45] Manuscrito A, 46vº: o. c., 143.

[46] Manuscrito A, 46vº: o. c., 144.

[47] Manuscrito A, 46frt: o. c., 144.

[48] Oração 2 (08/IX/1890): o. c., 1067.

[49] Summa theologiae, I-II, q. 62, art. 4.

[50] Cf. Manuscrito C, 11frt-31vº: o. c., 256-285.

[51] Manuscrito B, 1frt: o. c., 223.

[52] Cf. Manuscrito B, 4vº: o. c., 231.

[53] Carta 122, A Celina (14/X/1890): o. c., 445.

[54] Poesia 24, 21: o. c., 744.

[55] Poesia 24, 6: o. c., 739.

[56] Cf. Manuscrito A, 3vº: o. c., 73.

[57] Carta 247, Ao padre M. Belliére (21/VI/1897): o. c., 627.

[58] Cf. Oração 6 (09/VI/1895): o. c., 1075-1078.

[59] Manuscrito A, 84vº: o. c., 215.

[60] Poesia 54, 22: o. c., 826.

[61] Cf. Poesia 54, 15: o. c., 824.

[62] Poesia 17: o. c., 825.

[63] Manuscrito C, 29frt-30vº: o. c., 282-283.

[64] Cf. Manuscrito B, 2vº-5frt: o. c., 226-234.

[65] Manuscrito B, 3frt: o. c., 230.

[66] Manuscrito A, 80frt: o. c., 207. Não era falta de fé. São Tomás de Aquino ensina que na fé atuam a vontade e a inteligência. A adesão da vontade pode ser muito sólida e radicada, enquanto a inteligência pode estar obscurecida: cf. De Veritate 14, 1.

[67] Manuscrito C, 7frt: o. c., 251.

[68] Carta 254, Ao padre A. Roulland (14/VII/1897): o. c., 633.

[69] Últimos colóquios. Caderno Amarelo (17/VII/1897): o. c., 1167.

[70] Últimos colóquios. Caderno Amarelo (13/VII/1897): o. c., 1161.

[71] Últimos colóquios. Caderno Amarelo (18/VII/1897), 1: o. c., 1168.

[72] Últimos colóquios. Caderno Amarelo (09/VI/1897): o. c., 1290.

[73] Carta 242, À Irmã Maria da Trindade (06/VI/1897): o. c., 620.

[74] Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium (24/XI/2013), 35: AAS 105 (2013), 1034.

[75] Ibid., 36: o. c, 1035.

[76] Ibidem.

[77] Ibid., 37: o. c, 1035.

[78] Francisco, Exort. ap. Gaudete et exsultate (19/III/2018), 19: AAS 110 (2018), 1117.

[79] Ibid., 22: o. c, 1117.

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